domingo, 30 de dezembro de 2012

Ano Novo

Ano Novo...complicado imaginar o tempo com início meio e fim . Nós é que passamos ,  raramente deixamos marcas , quando temos o privilégio de sermos parte na vida de alguém é porque conseguimos o  improvável , um pouco daquilo que somos fica indelevelmente colado na alma de um outro ser ,  isso é raro pois todos nós temos  urgência em viver o agora , tudo é pra ontem , sem tempo...
sem tempo pra enxergar a beleza do trabalho alheio , tenho a lembrança das mãos que teciam, criavam formas ...mãos de mãe , sem tempo pra ouvir as notas delicadas de uma valsa...me lembro das manhãs , domingo com disco na vitrola , letra e música ... o cantarolar do meu pai , sem tempo até pra saborear alguns doces prazeres...a resistência  - fibrosa - da cana , seu sumo viciante , a aspereza do bagaço...sem tempo pra entender a razão das dores...as dores do parto , físicas e emocionais , choro , o dela com lágrimas , o meu com sorrisos...
sem tempo...
nunca tê-lo...
ele é que nos possui, nos devora mansamente...
Ano Novo, passaremos por ti , novamente.

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